Apesar de toda minha formação educacional, a familiar principalmente, ter sido baseada muito mais na valorização do "ser" e não do "ter", me vi em uma situação em que por menor que fosse, as coisas materiais estavam ocupando lugares importantes em minha vida, pena que só percebi isso de uma maneira nada agradável, através de um assalto.
Mas falemos dele em um outro momento.
Me recordo do dia em que meu pai entre gargalhadas me disse de uma forma muito pontual, "caneta cara pra que? se os melhores contratos foram assinados com caneta bic...!?", eu ri entendendo o recado.
Como o ser humano é engraçado as vezes, valorizamos algo por uma marca, que nem sempre está associada a qualidade e desprezamos outras pela falta dela. Achamos que alguém é melhor ou pior por ter tal coisa, ou por não possui-la, e deixamos para trás o que realmente importa: a essência.
Me levaram coisas caras e que me fazem falta, mas que podem ser substituidas com a mesma função por objetos mais baratos e com um status bem menor. O que me leva a pensar realmente se o que eu valorizava era sua função muito bem executada, ou seu status promissor e cheio de vaidade?! E porque valorizamos tanto as marcas, os objetos... as "coisas" enfim. São só coisas, que quebram e perdem sua função, que outros as levam e pronto, elas não sentem saudades sua, não cria afeto por você, porque então criamos, sei lá, laços afeitvos, dependencia material, necessidade fútil de apenas pertencê-las?!
Me levaram objetos baratíssimos, mas que eu realmente tinha um apreço enorme por eles, talvez eles não consigam vender nem por um real, mas que pra mim não teria preço... e como é engraçado perde-los, porque esse não tem status, nem valor material, apenas sentimental e mesmo assim somos capazes de adora-los, mas esse é fácil de entender o porque, junto deles estão um momento, não é o objeto mas o que ele representa, quem ele representa, para que possamos materializar uma lembraça que talvez não seria lembrada se não fosse ali pelo objeto, pela "coisa". E infelizmente eles as levaram, e foi triste me desfazer obrigadamente dos meus pertences "inúteis", e olha que lindo, eles se foram mas os momentos ficaram aqui comigo, na minha lembrança no meu coração.
Eles conseguiram tirar de mim meus presentes, mesmo assim não levaram a memória que eles carregam, a lembrança do momento e nem o sentimento que eles representavam. Tiraram de mim objetos que eu achava que me faziam uma pessoa melhor, sendo que na verdade, o melhor de mim está aqui ainda, dentro do meu sorriso. A minha essência não mudou, e continuarei sendo quem sou com ou sem, tendo ou não, apenas sendo.
Afinal os melhores contratos foram feitos com caneta bic, sem nenhum status, sem nenhuma importância, apenas com sua função de escrever, e basta!